ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL E À PROTEÇÃO EM ATLETAS EM FORMAÇÃO

ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL E À PROTEÇÃO EM ATLETAS EM FORMAÇÃO

30 de janeiro de 2023 0 Por admin

SAÚDE BUCAL

A deterioração do estado de saúde bucal e as perdas dentárias estão associadas não apenas à função oral, mas também parece haver uma íntima relação com a saúde geral dos indivíduos e a qualidade de vida. Alguns estudos apontaram uma relação entre as ausências de dentes e a condição oclusal no desempenho motor e na força muscular dos membros inferiores, assim como, na força de preensão e na instabilidade postural. A saúde bucal pode estar relacionada com a condição de saúde sistêmica como exemplo disso temos a doença periodontal, que é a segunda patologia bucal mais frequente e foi identificada como fator de risco para alguns problemas sistêmicos como problemas respiratórios, complicações cardíacas e controle da diabetes (1)(2).

Os atletas são normalmente considerados como indivíduos completamente saudáveis, apesar de estudos na literatura demonstrar que muitas vezes isso não é o que ocorre. A saúde bucal pode estar relacionada com a condição de saúde sistêmica; como exemplo disso temos a doença periodontal, que é a segunda patologia bucal mais frequente e foi identificada como fator de risco para alguns problemas sistêmicos como problemas respiratórios, complicações cardíacas e controle da diabetes (1,2).

Numa revisão sistemática sobre saúde bucal dos atletas demonstrou ocorrência de cárie em 75% dos atletas estudados, que também apresentaram outros problemas bucais como doença periodontal, erosão dentária e trauma facial. Foi reportado na literatura que a saúde bucal de atletas pode impactar no seu bem-estar e no desenvolvimento de suas práticas de atividades físicas; um impacto negativo no dia a dia dos atletas foi observado em 41% dos atletas e 5% reportaram mudanças na sua rotina diária (3).

O atleta pode ou deve passar por um protocolo que na sua primeira etapa é diagnosticar as origens dos focos infecciosos, a saber: cárie dentária, notadamente com envolvimento pulpar, a doença periodontal, gengivite, pericoronarite e presença de raízes residuais. A segunda fase do protocolo de um atleta diz respeito às más oclusões e a respiração bucal. A respiração bucal conduz o indivíduo ao cansaço. É muito mais fácil a um atleta manter o seu condicionamento físico sendo respirador nasal. O ar é aquecido, umedecido e filtrado a partir da cavidade nasal. Na cavidade bucal, o ar entra em temperatura ambiente com impurezas, muitas vezes resseca a superfície dentária de incisivos superiores, provoca inflamações nas tonsilas palatinas (amídalas) e necessita maior gasto de energia para aspiração, evidentemente, comprometendo o rendimento físico (4).

A existência de infeção na cavidade bucal pode ter consequências em outras partes do organismo, visto que os microrganismos podem entrar na circulação sanguínea, e pode dificultar a recuperação após lesão muscular, uma vez que o sistema imunitário tem de combater dois problemas em simultâneo. Atletas com respiração bucal têm mais dificuldade em recuperar de lesões musculares, fadiga, sensação de boca seca, halitose, problemas visuais e posturais (5).

 

PROTETORES

Vários trabalhos de autores nacionais e estrangeiros mencionaram que a maior incidência de lesões orofaciais acontecem em esportes de contato, portanto uma proteção adequada com protetores bucais pode diminuir o número e o grau de severidade destas injúrias. Existem relatos de atletas que os protetores bucais mal adaptados e com pouca retenção, geram alguns problemas, como a dificuldade de falar e respirar, provocar ânsia e estética ruim.

Barberini e colaboradores estudaram a frequência, o tipo, e as dificuldades na utilização dos protetores bucais por alguns atletas de esporte de contato, procurando estabelecer também a porcentagem de injúria orofacial prévia. Observaram que 456 (60%) dos atletas não usam protetores bucais e 304 (40%) utilizam o equipamento somente nas competições. Dentre aqueles que utilizam, 103 (34%) usam o do tipo I, 152 (50%) usam do tipo II e apenas 49 (16%) usam o do tipo III. Cerca de 200 atletas (66%) tem dificuldade na utilização, sendo que a maior queixa, 100 (50%), é a dificuldade de respiração, principal fator para a não utilização deste equipamento, dentre outros como: ânsia (20%), dificuldade na fala (18%), ferimento/dor (10%) e dificuldade de remoção (2%). Dos atletas entrevistados, 554 (73%) já tiveram alguma injúria prévia, dentre os tipos mais frequentes, as lesões de tecido mole (60%), traumatismo de dentes (16%), fratura mandibular (9%) e as lesões orofaciais combinadas (15%) do total de injúrias (6).

São muitos os acidentes esportivos que resultam em traumas faciais. O uso dos protetores bucais torna-se imprescindível como medida de proteção dos atletas. Martins e colaboradores quantificaram e qualificaram as lesões orofaciais decorrentes da prática desportiva, assim como traçar um paralelo com o uso dos protetores bucais. Cerca de 80% dos indivíduos já sofreram um trauma facial durante sua vida esportiva, com a lesão de tecido mole e a fratura dental como mais comum. A quase totalidade dos indivíduos (92,7%) afirmou conhecer os protetores bucais. 223 esportistas (89,9%) já usaram o protetor bucal em algum momento de sua vida esportiva, porém apenas 50% relataram o uso rotineiro. Já em relação ao tipo de protetor bucal utilizado, esta pesquisa traz o tipo termoplástico com 71,4% do total (n = 177) (7).

O protetor bucal é um dispositivo com boa resiliência que ao ser introduzido no interior da boca irá ajudar a proteger os dentes e suas estruturas vizinhas contra traumas. Seu funcionamento acontece através da absorção de parte da energia de um impacto e dissipação da parte restante. O protetor também mantém os tecidos moles livres das arestas e pontas vivas dos dentes ocorrendo, assim, uma redução de lacerações e lesões dos tecidos moles (8).

 

Os princípios para a confecção de protetores bucais eficazes foram sugeridos por Turner como sendo os seguintes:

  • Deve adaptar precisamente à boca.
  • Ter retenção suficiente para prevenir seu deslocamento durante o uso.
  • Ser confortável.
  • Não interferir com os tecidos moles.
  • Permitir a respiração e a fala normalmente.
  • Ser fabricado com material de fácil manipulação; flexível; durável; não ter cheiro nem gosto e permanecer estável por pelo menos 2 anos.

O acompanhamento de um Cirurgião-Dentista no esporte é importante para assim tratar problemas como a cárie e doenças periodontais, podendo o mesmo atuar nessa área por contribuir para uma melhor fase nos desempenhos dos atletas, pois dores e incômodos podem atrapalhar a concentração dos esportistas. As principais ocorrências relacionadas aos problemas de desordem bucal são a cárie dentária, erosão dental e doenças periodontais.

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. De Souza BC, Carteri RB, Lopes AL. Impacto da saúde bucal na aptidão física para a categoria master. Rev Bras Fisiol do Exerc. 2020;19(6):499–510.
  2. Carvalho PE, Junior CMA, Dantas KB, Souza DM, Oliveira CC da C, Dantas EHM. A saúde bucal na performance física de atletas. Res Soc Dev [Internet]. 2020;9(9):1–22. Available from: https://medium.com/@arifwicaksanaa/pengertian-use-case-a7e576e1b6bf
  3. de Souza JJ, Leite JS, Bahls R, Grande RS, De Souza BC, Lopes AL, et al. RBFEx Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício. Rev Bras Fisiol do Exerc [Internet]. 2020;19(3):202–8. Available from: https://convergenceseditorial.com.br/index.php/revistafisiologia/article/view/4081.
  4. Lopes DPS, Muniz IPR, da Silva RAA. Intensidade De Exercício Físico E Imunomodulação : Impactos Em Intensit Y of Physical Exercises and Immunomodulation : Impacts in Infections of the Aerial Pathways. Saúde e Pesqui Mar [Internet]. 2016;9:175–86. Available from: http://dx.doi.org/10.177651/1983-1870.2016v9n1p175-186
  5. Gomes ÉA, Barão AR, Rocha EP, Almeida ÉO De, Assunção WG. Effect of Metal-Ceramic or All-Ceramic Superstructure Materials on Stress Distribution in a Single Implant – Supported Prosthesis : Three-Dimensional Finite Element Analysis. Int J Oral Maxillofac Implants. 2011;26(6):10–3.
  6. BARBERINI AF, AUN CE, CALDEIRA CL. Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetores bucais em diversos esportes de contato. Rev Odontol UNICID. 2002;14(1):7–14.
  7. Victor de Medeiros MARTINS Y, Pinheiro Cavalcanti LIMA I, Marques dos SANTOS M. Lesões faciais e protetoresbucais na prática desportiva. Rev Bras Educ Física E Esporte [Internet]. 2019;33(1):127–61. Available from: http://dx.doi.org/10.11606/1807-5509201900010127
  8. Barros JL de. PROTETORES BUCAIS E SUA PREVENÇÃO NOS TRAUMATISMOS. Monogr apresentada ao Colegiado do Programa Pós-Graduação da Fac Odontol da Univ Fed Minas Gerais. 2012;33.

 

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